quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mas é...

Não fosse essa ânsia, essa vontade de me fazer entender, eu desistiria Não fosse esse laço, é mais forte que meu desejo, meu afeto eu desmancharia Não fosse essa lágrima, voltando aos meus olhos, apenas raiva eu sentiria Não fosse parte de mim, eu abandonaria Não fosse tão presente, despedir-me-ia Não fosse essa mágoa, que insiste em me calar, eu simplesmente falaria Não fossem essas palavras - engasgadas, rasuradas, amarguradas - eu esqueceria Não fosse meu sangue, o último gole eu recusaria Não fosse o coração, a razão eu usaria Não fosse esse sorriso ausente, fatalmente eu sonharia Mais uma vez, um milhão de vezes, e a esperança nunca se perderia Não fosse essa dor, ora já tão distante de mim, eu certamente sorriria Não fosse estar tão perto do que me é mais distante, a esse amor eu renunciaria Não fosse tão vital, todo sentimento destruiria E se não fosse capaz, ao menos esconderia...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ontem à noite, tive um gole de paixão Mais uma vez, foi apenas um gole Bebido com a mais extrema devoção, quase em desespero Nem lembro quando foi a última vez... Ontem à noite, voltei ao meu lugar E nada poderia ser mais belo Que aquele gole, talvez o primeiro... O princípio de tantos outros De uma vida que eu pensava inacabada Procuro a gota mais profunda de meu último/primeiro gole Olho o espelho e não estou lá Tenho medo de não ser o que pensei E me aproximo cada vez mais De um reflexo que desconheço Aliás, reconheço o sorriso Mas onde estarão as mágoas, o choro, a solidão? Olho no espelho e vejo apenas sombras De um alguém que já não sinto mais... Uma gota apenas E já penso em mais Ontem à noite bebi um gole do meu sangue E já não gosto mais