quarta-feira, 19 de março de 2008
Falando sério...
Não dá pra aceitar, fiquei revoltada, surpresa não, pois espera-se algo assim de uma sociedade machista. Em primeiro lugar: o número de mulheres esperando na fila do SUS por uma laqueadura é enorme na minha cidade (Cachoeira do Sul), no mínimo três vezes maior que o número de homens à espera de uma vasectomia. Detalhe: o número de vasectomias é inversamente proporcional ao número de laqueaduras realizadas por mês. Existe alguma lógica nisso? Tudo bem, a esterilização feminina é um procedimento mais complexo, exige internação, mas não seria mais urgente em casos, por exemplo, de mulheres com dois ou três filhos aos vinte anos de idade? Eu disse mais urgente, não condição para que seja realizada a cirurgia. O que mais indignou-me foi saber que as mulheres só podem realizá-la se já tiverem filhos, diferentemente dos homens, que podem fazê-la a qualquer momento, desde que sejam maiores de idade. Incrível não é? É fácil depois julgar, mesmo não sendo esse o único método anticoncepcional, é o mais eficiente. Nossa cultura é mesmo repleta de contradições, uma mulher pode entupir-se de hormônios, arriscando sua própria saúde, ou ainda, correr o risco de uma gravidez indesejada, só depois disso ela poderá escolher se quer ou não ser mãe, ou seja, quando já estiver com uma "penca" pra criar, muitas vezes sozinha. Mas tudo bem, continuamos lutando para que isso mude, e para que entendam que exigir direitos iguais, como estabelece a Constituição Federal, não é feminismo, mas um pouco de justiça!
Para pensar: por que o número de homens que sentem-se responsáveis pela "multiplicação da espécie" é tão menor que o de mulheres?
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