quarta-feira, 11 de junho de 2008

Replay!

Andei relendo alguns dos meus escritos e fiquei um pouco assustada, nada surpresa, pois esperava mesmo encontrá-los desse modo... parece tudo tão igual, de repente algo fantástico, de repente, tudo igual... se está tudo igual "aqui", está tudo igual aqui! Às vezes eu penso que a terapia pode estar me enlouquecendo, mas logo percebo que "o problema" é mesmo o fato de estar funcionando muito bem, a cada dia descubro milhares de coisas novas a meu respeito, a respeito das pessoas que me rodeiam, a respeito da vida... O processo é doloroso, repetitivo, vai-vem-vai-vem-vai... e se eu não conseguir voltar? Sinto muita vontade de gritar (literalmente), sinto que minha família nunca me entendeu realmente, alguns nunca tentaram... Sinto que isso tudo está afundando e ninguém se importa, na verdade eles não gostam quando toco nas feridas, eu sei que dói, mas conviver com a dor que vai consumindo aos poucos pode ser um sofrimento ainda maior, por isso eu tento colocar tudo pra fora, mas nem sempre existe alguém que queira mesmo ouvir, muito menos falar... eu sempre tentei expor o que penso da maneira mais clara possível, mas não há clareza suficiente para um surdo que não quer enxergar... Infelizmente eu percebi que nada vai mudar aqui, todas as minhas tentativas foram frustradas e terrivelmente transformadoras para mim... não vou mais tentar mudar a estatueta intocável, corações nem sempre batem por um sorriso... Gritos sempre foram reprovados, os meus, é claro, os outros não são ouvidos... Mas desistir de mudar o que parece impossível não é desistir de tudo, ainda estou aqui, e sempre disposta e aberta a todas as metamorfoses, físicas e mentais... Não posso mudar o mundo a minha volta, mesmo que ele durma no quarto ao lado, ou me ignore depois da escada... Posso mudá-lo por dentro apenas, mais uma vez, quantas forem necessárias para não sofrer mais, para aprender a camuflar algumas feridas incuráveis - não sou mais forte que elas... isso pode demorar bastante, o tempo preciso pode ser o sempre, agora eu só consigo pensar em respirar!

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